quarta-feira, 2 de junho de 2010

Quatro paredes

Era como ver um velho guarda-chuva encostado e esquecido num canto da parede. Um lugar perdido no vácuo do passado. Um monte de papel higiênico sujo embolado no fundo de um saco de lixo. Marcos observava o mar ilusório de concreto da janela do minúsculo apartamento. Era a lembrança absurda e borrada de investidas mal suceditas, a lembrança de Carol que o assombrava como um spectro sádico. Era a cuspida de Carol e de todas as mulheres que lhe esmagava as víceras.